sábado, 31 de maio de 2008

FALTAM 18 DIAS...

Na verdade faltam apenas 11 dias úteis para o Global Forum América Latina (GFAL).

Neste blog tenho procurado colocar questões que provoquem a reflexão sobre os temas centrais do encontro. Leiam, por favor, de baixo para cima, começando pelo post ANÁLISE DO CONTEÚDO DOS PRINCÍPIOS DO GLOBAL COMPACT PARA A EDUCAÇÃO EXECUTIVA DE ALTO NÍVEL.

As questões de hoje são as seguintes:

36 – Do ponto de vista do capital social, a criação de um ambiente interno favorável ao desenvolvimento da organização depende de que fatores ou circunstâncias? (Escolha a(s) melhor(es) alternativa(s)):
I - Da maneira como as pessoas convivem – as emoções e as razões (extra-econômicas) pelas quais permanecem juntas naquela organização.
II - Da forma como as pessoas se relacionam.
III - Do modo como as pessoas regulam seus conflitos e se conduzem coletivamente.
a) I
b) II
c) III
d) I e II
e) II e III
f) I e III
g) I, II e III
h) Nenhuma das alternativas anteriores.

37 – Uma organização capaz de se desenvolver existe como tal na medida em que... (Escolha a(s) melhor(es) alternativa(s)):
I - As pessoas que a constituem tenham um propósito convergente, compartilhem valores e crenças e formem algum consenso em torno de objetivos e metas. Em outras palavras, uma organização capaz de se desenvolver existe na medida em que as pessoas nela envolvidas tenham um projeto comum e uma causa.
II - As pessoas aceitem conviver (ou pelo menos coexistir) – o que implica algum grau de respeito à autonomia e alguma disposição de aceitação das diferenças. Em outras palavras, a organização existe na medida em que haja aceitação do outro. Isso, antes de ser fruto de um cálculo racional, é a manifestação de uma emoção que permite a presença do outro no nosso próprio espaço de vida.
III - As pessoas se relacionem de uma determinada maneira estável, exercitando a complementaridade e a parceria e, enfim, que sejam, de algum modo, interdependentes.
IV - Todas as alternativas acima estão corretas porquanto a combinação ou incidência simultânea de capacidade de construir projetos comuns, aceitação do outro e dinâmica de interdependência tem um nome: chama-se ‘cooperação’. E, do ponto de vista do capital social, a cooperação é o primeiro fator para a criação de um ambiente interno favorável ao desenvolvimento da organização.
a) I
b) II
c) III
d) IV
e) I e II
f) II e III
g) III e IV
h) Nenhuma das alternativas anteriores.

38 – Escolha a(s) melhor(es) alternativa(s):
I - A cooperação, que faz as pessoas permanecerem juntas em uma mesma organização, além do salário que recebem ou do lucro que auferem, não pode se instalar, se ampliar e se reproduzir na organização como um todo se as pessoas se relacionam apenas de maneira vertical, piramidal, em uma cadeia de subordinação, cada uma sempre dependendo de outra para fazer qualquer coisa.
II - Padrão vertical de organização, subordinação e dependência impedem a geração, a acumulação e a reprodução do capital social. Para que o capital social possa ser gerado, acumulado e reproduzido, é necessário que as pessoas se conectem, umas com as outras, segundo um padrão horizontal de organização, que não sejam em tudo sempre subordinadas umas às outras e que sejam interdependentes em vez de dependentes.
III - A capacidade de estabelecer ligações entre os seus membros dá a medida da conectividade interna da organização. Se essas relações forem horizontais, teremos uma conectividade horizontal que enseja a circulação da informação, dissolvendo os núcleos burocráticos baseados no segredo e favorecendo a desconcentração do saber.
IV - A conectividade horizontal, combinada com a interdependência, leva as pessoas a estabelecerem relações de parceria entre si em vez de ficarem o tempo todo possuídas pela preocupação de "quem vai mandar em quem". Conectividade horizontal e interdependência conduzem à autonomia das pessoas e não à subordinação. Além disso, assim como para haver cooperação, é necessário que as pessoas compartilhem valores e objetivos comuns, ou seja, que tenham um projeto comum.
V - Não se pode criar um clima interno favorável ao desenvolvimento se as pessoas não participam voluntariamente de ações conjuntas. E isso elas só farão na medida em que compreendam que estão compartilhando um (mesmo) projeto ou uma causa.
VI - A participação leva ao aparecimento de múltiplos líderes. Em cada atividade conjunta, participada voluntariamente, emergem líderes espontaneamente. Isso cria uma rica diversidade de iniciativas e de pessoas dispostas a assumir responsabilidades, o que contribui para uma desconcentração do poder.
a) I
b) I e II
c) I, II e III
d) I, II, III e IV
e) I, II, III, IV e V
f) I, II, III, IV, V e VI
g) Nenhuma das alternativas anteriores.

39 – Uma organização capaz de se desenvolver existe como tal na medida em que... (Escolha a(s) melhor(es) alternativa(s)):
I - Exista projeto comum, conectividade horizontal e interdependência, que levam, através da multiplicação de relações de parceria, à constituição de comunidade.
II - Se instale, dentro da organização, uma cultura de rede, ou seja, uma prática de network (em vez de uma cultura de mainframe) e de networking (de trabalhar em rede em vez de uma prática de concentrar saber e poder para mandar os outros fazerem as coisas que queremos que elas façam por nós).
III - Pessoas possam se conectar horizontalmente com pessoas a partir de normas e valores comuns, por ligações livres (isto é, não impostas por alguém que tem poder e não condicionadas por fatores imunes à vontade do sujeito, como raça e parentesco), e não imediatamente interessadas.
a) I
b) II
c) III
d) I e II
e) II e III
f) I, II e III
g) Nenhuma das alternativas anteriores.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

FALTAM 19 DIAS

Na verdade faltam apenas 12 dias úteis, menos de duas semanas, portanto, para o Global Forum América Latina (GFAL).

Neste blog tenho procurado colocar questões que provoquem a reflexão sobre os temas centrais do encontro. Leiam, por favor, de baixo para cima, começando pelo post ANÁLISE DO CONTEÚDO DOS PRINCÍPIOS DO GLOBAL COMPACT PARA A EDUCAÇÃO EXECUTIVA DE ALTO NÍVEL.

As questões de hoje são as seguintes:

33 – Escolha a(s) melhor(es) alternativa(s):
I - O crescimento de uma empresa é a mesma coisa que o seu desenvolvimento porque em uma economia de crescimento, se uma empresa não crescer ela vai ficar para trás e vai ser superada (e no limite inviabilizada) pela concorrência.
II - A única maneira inequívoca de medir o desenvolvimento de uma empresa é verificando o sucesso de seus negócios e esse sucesso só pode ser avaliado em termos do incremento de seus ativos financeiros.
III - Uma empresa pode ser desenvolver sem mudar o seu ambiente interno para se adaptar à mudanças do meio em que atua.
IV - A empresa não é o prédio em que funciona, não são os papéis onde estão escritos seu contrato social e outros documentos, nem os armários onde estes papéis estão arquivados, nem as máquinas e os equipamentos, nem os estoques de matéria-prima, nem suas contas bancárias e suas demais propriedades, marcas ou mesmo as tecnologias que desenvolveu (se não existirem pessoas que saibam acessar, compreender e aplicar tais recursos e tecnologias). A empresa são as pessoas que a constituem e as pessoas que, individualmente ou em grupo, se relacionam com ela.
a) I
b) II
c) III
d) IV
e) I e II
f) III e IV
g) Nenhuma das alternativas anteriores.

34 – Escolha a(s) melhor(es) alternativa(s):
I - É possível que uma empresa cresça sem se desenvolver. Neste caso, muitas vezes, não precisamos investir no seu capital humano e no seu capital social.
II - O maior capital de uma organização é o seu pessoal: as qualidades de cada uma das pessoas que a constituem e o modo como essas pessoas interagem, dentro e fora da empresa; ou seja, o seu padrão de organização e de relacionamento, interno e externo. Assim, se quisermos que uma empresa se desenvolva temos que investir no seu capital humano e no seu capital social.
III - O desempenho da organização também depende do capital humano e do capital social que está no ambiente no qual ela se relaciona. Uma organização imersa em um ambiente que apresente níveis baixíssimos de capital humano e de capital social terá imensas dificuldades para se desenvolver, mesmo que seus estoques próprios desses "capitais" sejam volumosos e de boa qualidade (o que seria um caso raro, uma vez que as pessoas que constituem uma organização em geral integram outras instituições que compõem o ambiente externo da organização).
IV - O desenvolvimento de uma organização depende sempre das relações que ela estabelece dentro de suas fronteiras e das relações que atravessam essas fronteiras. Ou seja, depende do ambiente interno e do ambiente externo e, sobretudo, das relações que se efetivam entre o que está dentro e o que está fora.
a) I
b) II
c) III
d) IV
e) I e II
f) I, II e III
g) I, II, III e IV
h) Nenhuma das alternativas anteriores.

35 – Uma empresa só pode se desenvolver se conseguir criar um ambiente interno favorável ao desenvolvimento. Sim ou não? Se sim, escolha a(s) alternativa(s) que lhe parece(m) mais correta(s):
I - Um ambiente interno favorável ao desenvolvimento da empresa é aquele que possibilita o aumento da quantidade e/ou da qualidade do seu capital humano e do seu capital social.
II - Um dos principais elementos do capital humano é a capacidade que as pessoas têm de fazer coisas novas, exercitando a sua imaginação criadora – o seu desejo, sonho e visão – e se mobilizando para adquirir os conhecimentos necessários, capazes de permitir a materialização do desejo, a realização do sonho e a viabilização da visão. Ora, isso tem um nome: chama-se ‘empreendedorismo’. Portanto, para ter um ambiente interno favorável ao desenvolvimento, a empresa precisa ter, em primeiro lugar, um ambiente favorável à inovação.
III - Um ambiente favorável à inovação depende de fatores internos e externos. Os fatores internos favoráveis à inovação dependem da liberdade para criar e da ousadia de inventar, o que é função, por sua vez, da cultura empreendedora da organização.
IV - A organização é mais do que a soma das pessoas que a constituem e que se relacionam com ela. A organização é uma realidade social e não apenas multipessoal. Isso significa que a organização não depende apenas do fator humano, mas também do fator social. E isso significa que um ambiente interno favorável ao desenvolvimento, além de ser função do capital humano, é também função do capital social.
a) I
b) II
c) III
d) IV
e) I e II
f) I, II e III
g) I, II, III e IV
h) Nenhuma das alternativas anteriores.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

FALTAM 20 DIAS... UMA SUGESTÃO

Faltam apenas 20 dias para o GFAL. Sugiro aos organizadores do evento que enviem uma correspondência a todos os participantes já inscritos e aos potencialmente interessados (isso já deve estar mapeado, pois não?), para que visitem, além do site oficial do evento, o blog agregador dos que - ainda muito timidamente - querem contribuir com o debate preparatório ao encontro.

O endereço do blog é http://gfal.blogspot.com

Entrando no blog indicado acima qualquer pessoa pode ter acesso a todos os blogs dos voluntários que estão querendo participar do debate.

As questões que proponho hoje são um pouco diferentes das anteriores, postadas aqui nesta contagem regressiva:

31 - Como preparar o GFAL para que ele não seja apenas um evento, que termine com uma bela declaração de princípios?

32 - Precisamos reafirmar velhos princípios ou acrescentar novos princípios à lista ou ensaiar práticas realmente inovadoras capazes de aumentar as condições de sustentabilidade de nossas empresas e, consequentemente, inspirar novos conteúdos e novos métodos de educação empresarial?

quarta-feira, 28 de maio de 2008

FALTAM 21 DIAS PARA O GFAL

Agora faltam apenas três semanas. E o debate propriamente dito nem começou... Assim vai ficar difícil preparar o encontro.

Mas prossigo com a contagem regressiva. Neste blog publico minhas contribuições à discussão preparatória do Global Forum América Latina (CIETEP, Curitiba, Paraná, Brasil, 18 a 20 de junho de 2008). Por favor, leia os artigos deste blog de baixo para cima, na ordem inversa de publicação. Comece pelo artigo ANÁLISE DO CONTEÚDO DOS PRINCÍPIOS DO GLOBAL COMPACT PARA A EDUCAÇÃO EXECUTIVA DE ALTO NÍVEL.

As questões de hoje são as seguintes:

29 – Se as pessoas não desenvolverem suas habilidades e competências e se as sociedades não empoderarem seus membros para que eles tenham confiança em si mesmos e nos seus semelhantes, coragem para empreender e segurança para inovar, pode haver desenvolvimento? (Escolha a(s) melhor(es) alternativa(s)):
I - Sim, se houver um crescimento do PIB a altas taxas durante um tempo relativamente longo, pois tal crescimento dinamizará economicamente a sociedade de tal modo que as pessoas serão compelidas a desenvolver suas capacidades para se inserir em um mercado dinâmico e em expansão.
II - Não, porque o desenvolvimento depende de outras variáveis além da renda e, assim, não basta crescer economicamente, aumentando o PIB ou a renda per capita da população, imaginando que todas as outras coisas virão naturalmente em decorrência. (É bem provável que isso possa até alargar o fosso da desigualdade, o que não produzirá desenvolvimento humano nem social sustentável).
III - Não, porque para que a renda produzida se distribua elevando as condições de vida da população é preciso que as pessoas tenham acesso à riqueza, ao conhecimento e ao poder. Assim, é preciso investir no incremento de todos estes fatores.
IV - Não, porque desenvolvimento mesmo só ocorrerá quando surgirem novos e múltiplos laços de realimentação de reforço nas relações entre a renda e as outras variáveis do desenvolvimento, como a riqueza, o conhecimento, o poder; por exemplo, quando mais conhecimento gerar mais poder, que gerar mais riqueza, que gerar mais renda, que gerar mais conhecimento etc.
a) I
b) II
c) III
d) IV
e) II e III
f) II, III e IV
g) Nenhuma das alternativas anteriores.

30 – Pode-se dizer que além da renda e da propriedade produtiva, da riqueza, daquilo que poderíamos chamar de "capital empresarial", existem ainda o "capital humano", o "capital social" e o "capital natural". Quais são os fatores, considerados extra-econômicos, mais decisivos no processo de desenvolvimento? (Escolha a(s) melhor(es) alternativa(s)):
I - O capital humano, que se refere mais diretamente ao conhecimento, ao know how e à capacidade de criá-lo e recriá-lo – o que envolve a educação, a saúde, a alimentação e a nutrição, a cultura e a pesquisa, e várias outras áreas, sobretudo, o empreendedorismo. Este é o fator mais decisivo, porque baixos níveis de capital humano indicam baixos níveis de desenvolvimento humano. Faz diferença se temos uma sociedade, como a belga, em que a escolaridade média do trabalhador é de 12 anos ou se temos uma sociedade, como a brasileira, que mal alcança o patamar de 6 anos. Essa diferença é de capital humano.
II - O capital social, que diz respeito aos níveis de organização, de conexão horizontal e de regulação democrática de uma sociedade. Este é o fator mais decisivo, porque existe uma relação direta entre os graus de associacionismo, confiança e cooperação atingidos por uma sociedade democrática organizada do ponto de vista cívico e cidadão e a boa governança e a prosperidade econômica. Tal relação pode ser compreendida como capital social. Baixos níveis de capital social indicam baixos níveis de desenvolvimento social. Faz diferença se temos uma sociedade, como a italiana do norte, entrelaçada na sua base por miríades de instituições de opinião e interesse, ou se temos uma sociedade, como a romena, incipiente do ponto de vista organizacional. Esta diferença é de capital social.
III - O capital natural, que diz respeito às condições ambientais e físico-territoriais herdadas, regeneradas ou (re)construídas. Este é o fator mais decisivo, porque faz diferença plantar nos solos férteis da Ucrânia ou no pampa argentino e no semi-árido do Brasil. Ainda que, se houver desenvolvimento científico-tecnológico, a fruticultura irrigada no semi-árido brasileiro possa vir a ser mais rentável do que uma lavoura tradicional naquelas terras férteis.
IV - Não se pode afirmar que algum dos fatores acima seja mais decisivo do que os outros porque a equação do desenvolvimento relaciona todas essas variáveis de uma maneira ainda desconhecida.
V - Em um certo sentido pode-se afirmar que o capital social é um recurso, senão mais decisivo, pelo menos diferente dos demais porquanto apresenta uma característica mais sistêmica (relativa ao ambiente – ou à rede social – onde ocorre o fenômeno de mudança social que interpretamos como desenvolvimento). Não é à toa que capital social baixo indica baixos índices de desenvolvimento e capital social alto indica altos índices de desenvolvimento (o que não ocorre com os outros capitais econômicos ou extra-econômicos).
a) I
b) II
c) III
d) IV
e) I e II
f) V
g) Nenhuma das alternativas anteriores.

terça-feira, 27 de maio de 2008

FALTAM 22 DIAS...

Prossegue a contagem regressiva. Neste blog publico minhas contribuições à discussão preparatória do Global Forum América Latina (CIETEP, Curitiba, Paraná, Brasil, 18 a 20 de junho de 2008). Por favor, leia os artigos deste blog de baixo para cima, na ordem inversa de publicação. Comece pelo artigo ANÁLISE DO CONTEÚDO DOS PRINCÍPIOS DO GLOBAL COMPACT PARA A EDUCAÇÃO EXECUTIVA DE ALTO NÍVEL.

As questões de hoje são as seguintes:

24 – O Brasil foi um dos países que experimentaram o maior crescimento econômico em passado recente e, no entanto, foi também um dos países do mundo que mais aumentaram a distância entre crescimento econômico e desenvolvimento social. Por quê? (Escolha a(s) melhor(es) alternativa(s)):
I - Porque crescemos concentrando e não distribuindo a renda.
II - Porque somente o crescimento não é suficiente para promover o desenvolvimento, uma vez que, se o PIB aumentar, a renda tenderá a permanecer concentrada enquanto a riqueza, o conhecimento e o poder não forem mais bem distribuídos.
III - Porque para que a renda produzida se distribua elevando as condições de vida da população é preciso que as pessoas tenham acesso à riqueza, ao conhecimento e ao poder. Assim, é preciso investir simultaneamente no incremento de todos estes fatores.
a) I
b) I e II
c) II e III
d) I e III
e) I, II e III
f) Nenhuma das alternativas anteriores.

25 – Quando falam em desenvolvimento, as pessoas imaginam logo que se trata de um processo para aumentar a prosperidade econômica de uma sociedade – em geral de um país – que, então, ao se desenvolver, ficaria mais rico. Assim, concluem que o desenvolvimento tem a ver com o conjunto da atividade econômica, que passaria a gerar mais riqueza. O que podemos fazer para promover o desenvolvimento? (Escolha a(s) melhor(es) alternativa(s)):
I - Investir em fatores como: infra-estrutura pública de apoio para empreendimentos produtivos; crédito e linhas especiais de financiamento.
II - Fornecer incentivos fiscais.
III - Investir em qualificação da mão-de-obra.
IV - Promover a desburocratização e aumentar a capacidade gerencial.
V - Construir um ambiente legal e sistemas de governança, de proposição e aprovação de leis e de distribuição de justiça que facilitem a atividade empresarial, dêem segurança aos investidores e diminuam os custos de transação.
VI - Promover e manter estabilidade monetária e responsabilidade fiscal.
VII - Manter um estoque suficiente de reservas internacionais e política econômica estimuladora de crescimento (sobretudo no que tange ao câmbio e aos juros).
VIII - Prover sistemas de comercialização e celebrar acordos de comércio que protejam os mercados e os produtos internos e possibilitem a colocação desses produtos, com vantagens competitivas, em mercados externos, normas alfandegárias e sanitárias que facilitem a importação e a exportação etc.
IX - Todas as afirmativas acima estão corretas, no entanto, elas não significarão necessariamente desenvolvimento se não redundarem em um aumento da capacidade das pessoas para que elas possam superar problemas e aproveitar oportunidades, exercitando seu empreendedorismo.
X - Todas as afirmativas acima estão corretas, no entanto, elas não significarão necessariamente desenvolvimento se não redundarem na construção de ambientes sociais favoráveis ao florescimento dos negócios, ou seja, na articulação de redes que encorajem as pessoas, individual e coletivamente, a exercitar sua criatividade, gerando novas soluções.
a) I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII
b) IX
c) X
d) IX e X
e) Nenhuma das alternativas anteriores.

26 – Para promover um crescimento do PIB a altas taxas e durante um tempo suficiente para desencadear o desenvolvimento, o que não devemos fazer? (Escolha a(s) melhor(es) alternativa(s)):
I - Manter a inflação alta, o ágio alto no mercado paralelo e déficits orçamentários altos.
II - Adotar taxa de juro real fortemente negativa, restrições ao livre comércio e excessiva regulamentação.
III - Implementar políticas industriais que subvencionem algumas indústrias em detrimento de outras.
IV - Manter serviços públicos precários (energia elétrica, linhas telefônicas, rodovias e outras vias e portos, saúde, água, esgotos, irrigação, serviços postais, saneamento básico e educação) ou interferir demasiadamente no setor privado que oferece tais serviços.
V - Descumprir as leis – sobretudo a partir dos governos – e tolerar a corrupção.
VI - Desrespeitar contratos ou permitir a instabilidade regulatória (tanto no que diz respeito à adoção de um marco legal inadequado, insuficiente ou excessivo, quanto no que tange à sua aplicação ineficaz pelo judiciário) e altas doses de poder discricionário dos governos sobre pessoas físicas e jurídicas.
VII - Alimentar uma grande burocracia, sobretudo se composta por indicações políticas e não por mérito.
VIII - Ter bancos centrais dependentes de orientações político-partidárias, quer dizer, de governos de um partido ou, mesmo, formados a partir de coligações político-partidárias.
IX - Adotar políticas públicas que punam a aquisição de renda, criando incentivos negativos para que as pessoas tomem a iniciativa de gerar renda (como, por exemplo, aplicando programas assistencialistas e clientelistas).
X - Manter governos autocráticos ou autoritários ou democracias formais com alto grau de antagonismo social ou étnico.
XI - Enfraquecer a sociedade civil.
XII - Dificultar a emergência de uma classe média vigorosa.
XIII - Permitir a conformação de um ambiente institucional e de um “clima” nos negócios que desestimule ao invés de atrair o investimento estrangeiro direto e a importação de máquinas, de pessoas empreendedoras e de cérebros inovadores.
XIV - Desestimular o empreendedorismo, dificultar a abertura, o funcionamento e o fechamento de empresas e desincentivar a inovação tecnológica.
XV - Conviver com um alto grau de desigualdade.
XVI - Todas as alternativas acima estão corretas.
XVII - Mesmo se não fizermos nada disso, não fica garantida a ocorrência do “espetáculo do crescimento”, porque nada disso garante a combinação sinérgica dos vários fatores (muitos dos quais desconhecidos) capazes de promover tal espetáculo.
a) I a XV
b) XVI
c) XVII
d) XVI e XVII
e) Nenhuma das alternativas anteriores.

27 – Em relação à questão anterior (Questão 26), escolha a(s) melhor(es) alternativa(s):
I - A resposta correta é a ‘c, até porque sempre podem acontecer imprevistos que desarrumem tudo, uma vez que, a rigor, todas as economias contemporâneas são instáveis e dependem de fatores sobre os quais não se tem controle.
II - Um sobrepasso no processo de crescimento depende, mais do que de qualquer outra coisa, da boa-sorte.
III - Não adianta a vontade política de um governo imbuído de boas intenções e munido de boas orientações: governos não podem gerar crescimento; em muitos casos, mais atrapalham do que ajudam.
IV - Quem gera crescimento é o mercado.
V - O mercado, ao que tudo indica, por si só também não gera crescimento, o que significa que estamos aqui diante de uma combinação complexa de vários tipos de agenciamento, de vários atores e de vários fatores.
VI - Parece que não existe uma receita para o crescimento, ou melhor, para o crescimento a altas taxas durante um tempo suficiente para promover o desenvolvimento.
VII - Talvez o desenvolvimento não seja resultado do crescimento. Talvez a expansão econômica seja um dos aspectos de um processo mais integral e sistêmico, que aparece como crescimento do PIB quando olhado de um ponto de vista econômico quantitativo, mas que só aparece assim quando outros fatores extra-econômicos, muitos dos quais qualitativos e para os quais costumamos não olhar, apresentam também modificações correspondentes.
VIII - Talvez o crescimento (sustentado) não seja, como se acredita, a causa do desenvolvimento (sustentável) e sim um dos seus efeitos, inclusive um dos efeitos do chamado desenvolvimento econômico, o qual, por sua vez, também não se verifica somente em função do crescimento absoluto do produto, mas sim quando aumenta a prosperidade econômica de uma sociedade, quando aumenta o grau de realização distribuída da propriedade produtiva, quando a riqueza se espalha para mais pessoas que empreendem economicamente gerando uma dinâmica que aumenta a produção diversificada e a circulação de mercadorias (e de moeda, inclusive).
a) I
b) II
c) III
d) IV
e) V
f) II e IV
g) VI, VII e VIII
h) Nenhuma das alternativas anteriores.

28 – Por que as fórmulas que foram tentadas pelas instituições financeiras internacionais para estimular o crescimento em Estados-nações pouco desenvolvidos ou em desenvolvimento não deram certo (a saber: ajuda para o desenvolvimento na forma de investimentos mínimos necessários para a arrancada ou de investimentos em máquinas – empréstimos para construção de fábricas e equipamentos –, para controle populacional, empréstimos para reformas administrativas e, inclusive, perdão da dívida)? (Escolha a(s) melhor(es) alternativa(s)):
I - Porque o crescimento não pode ser desencadeado de fora para dentro.
II - Porque investimento, ao contrário do que se acreditou por tanto tempo, não significa necessariamente crescimento.
III - Porque não se sabe como o crescimento populacional afeta o PIB per capita (ao que tudo indica não há relação significativa alguma entre esses dois fatores).
IV - Porque reformas administrativas bancadas de fora e perdão da dívida também não resultam em nada se as elites políticas locais – sobretudo em países com sociedades civis frágeis e democracias de baixa intensidade – puderem se aproveitar dessas medidas para aumentar seu poder discricionário sobre os cidadãos, para enfraquecer as instituições ou para roubar mais.
V - Porque o erro está na unidade que se quer fazer crescer: o Estado-nação (ou melhor, o modelo europeu de Estado-nação – um produto da guerra – que se universalizou nos últimos 150 anos sem ter sido bem absorvido pela imensa maioria das culturas e das territorialidades e que está se revelando inviável como modelo geral do ponto de vista do desenvolvimento).
a) I e II
b) II e III
c) III e IV
d) V
e) Todas as afirmativas são aceitáveis
f) Nenhuma das alternativas anteriores.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

FALTAM APENAS 23 DIAS PARA O GFAL

Prossegue a contagem regressiva. Neste blog publico minhas contribuições à discussão preparatória do Global Forum América Latina (CIETEP, Curitiba, Paraná, Brasil, 18 a 20 de junho de 2008). Por favor, leia os artigos deste blog de baixo para cima, na ordem inversa de publicação. Comece pelo artigo ANÁLISE DO CONTEÚDO DOS PRINCÍPIOS DO GLOBAL COMPACT PARA A EDUCAÇÃO EXECUTIVA DE ALTO NÍVEL.

As questões de hoje são as seguintes:

20 – John Elkington (1998), em “Cannibals with Forks: the Triple Bottom Line of 21st Century Business”, propôs o conceito de “Tríplice Resultado”, sugerindo que as empresas avaliem o sucesso não só com base no desempenho financeiro (lucro, retorno sobre o investimento – ROI, ou valor para os acionistas), mas também sob o ponto de vista de seu impacto sobre a economia mais ampla, sobre o meio ambiente e sobre a sociedade em que atuam. Não estaria faltando uma dimensão no esquema, relativa aos impactos Políticos da atuação da empresa?
a) Não, a dimensão política já está presente implicitamente nos fatores considerados.
b) Não, a ação empresarial não pode se intrometer na dimensão política.
c) Sim.
d) Nenhuma das alternativas anteriores.

21 – Em relação à questão anterior (Questão 20), podemos afirmar que não adianta nada para uma empresa exercer a sua responsabilidade econômica, ambiental e social se não exercer também a sua responsabilidade política? Se sim, quais os indicadores que você sugere para uma quarta dimensão (a dimensão política)? (Examine as afirmativas abaixo e escolha as melhores alternativas):
I - Programas inovadores de promoção do desenvolvimento (pois uma empresa que exerce a sua responsabilidade corporativa promovendo programas conservadores (não-inovadores) de caráter assistencialista, clientelista ou centralizador não contribui para a conquista da sustentabilidade).
II - Adoção de padrões de organização em rede dentro e fora da empresa, por meio de uma adequada gestão de redes de stakeholders (pois uma empresa que adota padrões verticais, hierárquicos ou piramidais, na sua organização interna e no relacionamento com seus stakeholders, não contribui para a conquista da sustentabilidade).
III - Adoção de critérios éticos, democráticos e de desenvolvimento para o seu relacionamento com o sistema político (pois uma empresa que financia campanhas de políticos corruptos ou apóia agentes, governos, partidos e organizações não comprometidos com a democracia e o desenvolvimento, não contribui para a conquista da sustentabilidade).
IV – Grau de alinhamento a partidos que de fato representam os interesses da maioria da população.
V – Colaboração com os governos legitimamente eleitos, pois faz parte da responsabilidade política de uma empresa não criar dificuldades para a boa administração pública.
a) I e II
b) III e V
c) II e IV
d) I, II e III
e) III, IV e V
d) Nenhuma das alternativas anteriores.

22 – Ainda em relação à Questão 20: de que maneira o setor empresarial deveria – prioritariamente – influir na política? (Examine as afirmativas abaixo e escolha as melhores alternativas):
I - Financiando candidaturas para garantir a boa-vontade dos representantes eleitos e a sua sintonia com as necessidades setoriais da indústria, do comércio, da agricultura, dos transportes e dos serviços financeiros.
II - Articulando bancadas parlamentares que defendam os interesses do empresariado.
III - Encomendando estudos de alto nível sobre os grandes impasses estratégicos do país e ofertando tais estudos às autoridades.
IV - Influindo na pauta política a partir da mobilização empresarial de forças sociais expressivas, que não podem ser arregimentadas somente dentro das fronteiras das organizações corporativas patronais ou empresariais.
V - Mobilizando a sociedade em torno de uma agenda estratégica para o Brasil (que, partindo da defesa da democracia e do desenvolvimento possa chegar ao detalhamento de propostas concretas para a reforma fiscal, para a segurança jurídica, para a segurança pública, para a infra-estrutura, para a educação, para a governança pública e para as reformas política e administrativa).
a) I e II
b) II e III
c) IV e V
d) Nenhuma das alternativas anteriores.

23 – Mais uma vez em relação à Questão 20: de que maneira o setor empresarial poderia assumir a sua responsabilidade política? (Examine as afirmativas abaixo e escolha as melhores alternativas):
I - Aprendendo a articular politicamente os seus interesses e, sobretudo, a sua causa (pois empresas em uma realidade social complexa não têm como abrir mão da política).
II - Exercitando uma legítima ação política empresarial, que vai além, muito além, da defesa de interesses corporativos, por mais justos que sejam (pois se o setor empresarial não assumir protagonismo, falando para os outros dois setores – para o primeiro setor (o Estado) e para o terceiro setor (a Sociedade Civil) – não se transformará num ator político capaz de tomar iniciativas para construir arranjos mais virtuosos entre os diversos atores desses setores).
III - Elaborando e articulando projetos sustentáveis ou programas de sustentabilidade (pois não é apenas pagando impostos, gerando empregos e produzindo riquezas, protegendo o meio ambiente e tentando melhorar a vida das pessoas individualmente que o setor empresarial poderá cumprir o seu papel promotor do desenvolvimento).
a) I e II
b) II e III
c) I, II e III
d) Nenhuma das alternativas anteriores.

domingo, 25 de maio de 2008

FALTAM 24 DIAS PARA O GFAL

Prossegue a contagem regressiva. Neste blog publico minhas contribuições à discussão preparatória do Global Forum América Latina (CIETEP, Curitiba, Paraná, Brasil, 18 a 20 de junho de 2008). Por favor, leia os artigos deste blog de baixo para cima, na ordem inversa de publicação. Comece pelo artigo ANÁLISE DO CONTEÚDO DOS PRINCÍPIOS DO GLOBAL COMPACT PARA A EDUCAÇÃO EXECUTIVA DE ALTO NÍVEL.

As questões de hoje são as seguintes:

17 – Quanto aplicado ao mundo empresarial, o conceito de sustentabilidade tem sido formulado assim: “Empresa sustentável é aquela que gera lucro para os acionistas, ao mesmo tempo em que protege o meio ambiente e melhora a vida das pessoas com que mantém interações” (Savitz e Weber, 2006). Na sua opinião, essa conceituação é adequada? (Examine as afirmativas abaixo e escolha a(s) melhor(es) alternativa(s)):
I - Sim, pois é disso que se trata mesmo: sustentabilidade econômica (gerar lucros), sustentabilidade ambiental (proteger o meio ambiente) e sustentabilidade social (melhorar a vida das pessoas).
II - Não, o conceito de sustentabilidade vai além disso, conotando um sentido sistêmico que não pode ser adequadamente traduzido por uma soma de ações setoriais: econômicas, ambientais e sociais.
III - Não, pois embora qualquer empresa tenha como objetivo precípuo a geração de lucro e deva ter a responsabilidade suficiente para não destruir os recursos que serão necessários para a vida da geração presente e das gerações futuras e para não afetar negativamente as sociedades que sofrem o impacto de seu funcionamento, sua sustentabilidade não poderá ser conquistada (e não estará garantida) apenas com a efetivação dessas medidas.
IV - É imprecisa, pois não se trata exatamente de ‘proteger’ o meio ambiente e sim de promover a sua conservação dinâmica (isto é, dinamizando as potencialidades naturais latentes em prol do desenvolvimento).
V - É imprecisa, pois não se trata exatamente de ‘melhorar a vida das pessoas’ individualmente e sim de contribuir para a criação de ambientes que favoreçam o seu desenvolvimento humano e social.
VI - É incompleta, pois embora considere as dimensões econômicas, ambientais e sociais da sustentabilidade, não leva em conta a sua dimensão política.
a) I
b) II e III
c) II, III e IV
d) II, III, IV e V
e) II, III, IV, V e VI
f) Nenhuma das alternativas anteriores.

18 – Uma empresa isolada pode alcançar sustentabilidade? (Examine as afirmativas abaixo e escolha a(s) melhor(es) alternativa(s)):
I - Não, sustentabilidade (ou desenvolvimento, numa visão sistêmica) é sempre a operação de uma rede de co-desenvolvimentos interdependentes.
II - Não, para alcançar a sustentabilidade a empresa deve fazer uma gestão adequada da rede de seus stakeholders (termo cunhado por Edward Freeman (1984) em “Strategic Management: a stakeholder aproach”, para designar qualquer pessoa que seja afetada, ou possa ser afetada, pelo desempenho de uma organização), voltada para o seu próprio desenvolvimento e para o desenvolvimento do mundo onde ela e seus parceiros atuam.
III - Não, o que chamamos de desenvolvimento (ou sustentabilidade segundo um modelo regulacional e não transformacional ou variacional) é algo que acontece em rede: é a rede que regula a adaptação, mudando seu programa de adaptação, ou seja, aprendendo (e é isso o que se chama de sustentabilidade ou desenvolvimento, na nova concepção sistêmica).
a) I e II
b) II e III
c) I e III
d) I, II e III
e) Nenhuma das alternativas anteriores.

19 – Uma empresa pode alcançar sustentabilidade apenas por razões empresariais? (Examine as afirmativas abaixo e escolha a(s) melhor(es) alternativa(s)):
I - Não, empresas não são o que parecem: a primeira vista são enterprises de um empreendedor que arregimenta subordinados em troca de um pagamento, mas nenhuma empresa poderá se tornar sustentável por razões exclusivamente empresariais, sem alavancar recursos novos (baseados no engajamento voluntário, no entusiasmo para criar e para inovar) que não podem ser obtidos apenas em troca de remuneração.
II - Não, as empresas devem ter uma causa e devem contar com trabalho voluntário de seus colaboradores em torno dessa causa (transformando-os em agentes do desenvolvimento da empresa e do mundo onde a empresa atua).
III - Não, pois como disseram James Collins e Jerry Porras (1995), em “Built to last: successful habits of visionary companies”, “a empresa será cada vez mais mantida pela ideologia. As pessoas ainda têm uma necessidade humana de pertencer a algo de que possam se orgulhar. Elas necessitam de valores e de um objetivo que dá significado às suas vidas e aos seus trabalhos. Elas precisam estar ligadas a outras pessoas, compartilhando com elas crenças e aspirações em comum”.
IV - Não, porque como escreveu Arie de Geus (1997) em "The living company" "uma empresa viva saudável terá membros, representados por pessoas e outras instituições, que aderirão a um conjunto de valores comuns e que acreditarão que os objetivos da empresa tanto lhes permitem alcançar seus próprios objetivos individuais como os ajudam nesse sentido".
a) I
b) I e II
c) I, II e III
d) I, II, III e IV
e) Nenhuma das alternativas anteriores.

sábado, 24 de maio de 2008

CONTAGEM REGRESSIVA PARA O GFAL...

AGORA SÓ FALTAM 25 DIAS!

Neste blog publico minhas contribuições à discussão preparatória do Global Forum América Latina (CIETEP, Curitiba, Paraná, Brasil, 18 a 20 de junho de 2008). Por favor, leia os artigos deste blog de baixo para cima, na ordem inversa de publicação. Comece pelo artigo ANÁLISE DO CONTEÚDO DOS PRINCÍPIOS DO GLOBAL COMPACT PARA A EDUCAÇÃO EXECUTIVA DE ALTO NÍVEL.

A questão de hoje é a seguinte:

16 – Jane Jacobs (2000), em “The nature of economies”, elencou três princípios fundamentais do desenvolvimento: 1) o processo de desenvolvimento implica diferenciações emergindo de generalidades. 2) as diferenciações se tornam generalidades das quais emergem novas diferenciações. 3) desenvolvimento depende de co-desenvolvimentos. A partir desses princípios podemos afirmar que, para Jacobs: (Examine as afirmativas abaixo e escolha a(s) melhor(es) alternativa(s)):
I - Desenvolvimento sem uma rede de co-desenvolvimentos é tão impossível para uma economia como para um desenvolvimento biológico.
II - Desenvolvimento é um processo aberto que produz diversidade crescente, além de numerosas, múltiplas, intrincadas relações crescentes de co-desenvolvimento.
III - No que chamamos de desenvolvimento há um estupendo processo em ação: desenvolvimentos e co-desenvolvimentos através de diferenciações; expansão através da diversificação; continuidade através de auto-reabastecimento; estabilização através da autocorreção – todos ativados através de auto-organização imprevisível.
IV - O modelo de desenvolvimento é regulacional: o que chamamos de desenvolvimento é algo que acontece em rede e é essa rede que regula a adaptação, mudando seu programa de adaptação, ou seja, aprendendo (e isso é o que se chama de sustentabilidade ou desenvolvimento de um ponto de vista sistêmico).
a) I
b) II
c) III
d) IV
e) I, II e III
f) I, II, III e IV
g) Nenhuma das alternativas anteriores.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

A CONTAGEM REGRESSIVA CONTINUA

FALTAM 26 DIAS PARA O GFAL. Neste blog publico minhas contribuições à discussão preparatória do Global Forum América Latina (CIETEP, Curitiba, Paraná, Brasil, 18 a 20 de junho de 2008).

Por favor, leia os artigos deste blog de baixo para cima, na ordem inversa de publicação. Comece pelo artigo ANÁLISE DO CONTEÚDO DOS PRINCÍPIOS DO GLOBAL COMPACT PARA A EDUCAÇÃO EXECUTIVA DE ALTO NÍVEL.

As questões de hoje são as seguintes:

13– Segundo o biólogo chileno Humberto Maturana (1985), “é a contínua produção e intercâmbio de seus componentes, o que caracteriza os seres vivos e é isto o que se perde no fenômeno da morte". As idéias de Maturana sobre esse processo de autopoiese (autocriação) que caracteriza os seres vivos, podem ajudar a compreensão da sustentabilidade das sociedades e organizações humanas? (Examine as afirmativas abaixo e escolha a(s) melhor(es) alternativa(s)):
I - Não, as idéias de Maturana sobre os seres vivos não podem se aplicar às organizações.
II - Sim, as idéias de Maturana podem sugerir modelos para a compreensão da sustentabilidade, pois existem aspectos da vida, relativos à dinâmica da mudança estrutural e à conservação da adaptação, que se assemelham ao processo de desenvolvimento das organizações.
III - Sim, porque qualquer sistema constituído como unidade, como uma rede de produção de componentes que, em suas interações, geram a mesma rede que os produz e constituem seus limites como parte do próprio sistema no seu espaço de existência, é um sistema autopoiético. Os seres vivos são sistemas autopoiéticos moleculares e existem como tais no espaço molecular. Mas em princípio pode haver sistemas autopoiéticos em qualquer espaço no qual possa se realizar a organização autopoiética.
a) I
b) II
c) III
d) I e II
e) II e III
f) Nenhuma das alternativas anteriores.

14 – Em relação a questão anterior (Questão 13): para Maturana, "nos sistemas em contínua mudança estrutural, como os seres vivos, a mudança estrutural se dá tanto como resultado de sua dinâmica interna, como desencadeado por suas interações com um meio que também está em contínua mudança”. Do que escreveu Maturana podemos inferir: (Examine as afirmativas abaixo e escolha a(s) melhor(es) alternativa(s)):
I - Que a estrutura de cada ser vivo é, em cada instante, o resultado do caminho de mudança estrutural que seguiu a partir de sua estrutura inicial, como conseqüência de suas interações no meio em que lhe coube viver.
II - Que o que chamamos de vida é um exemplo de sustentabilidade, ou seja, é a capacidade de fazer e refazer, continuamente, congruências múltiplas e recíprocas com o meio.
III - Que a vida (como exemplo de sustentabilidade) é uma capacidade de “dançar conforme a música”.
a) I
b) II
c) III
d) I e II
e) II e III
f) I, II e III
g) Nenhuma das alternativas anteriores.

15 – Ainda em relação à Questão 13: segundo Maturana, "um ser vivo conserva sua organização em um meio somente se sua estrutura e a estrutura do meio são congruentes e se esta congruência se conserva”. Fazendo um paralelo com organizações sustentáveis, podemos afirmar que: (Examine as afirmativas abaixo e escolha a(s) melhor(es) alternativa(s)):
I - Considerando que essa congruência estrutural entre ser vivo e meio (seja qual for este meio) chama-se adaptação, uma organização continua existindo como tal (como um sistema) somente enquanto conserva a sua adaptação.
II - Todo sistema existe somente na conservação de sua adaptação e de sua organização e somente em circunstâncias nas quais a conservação de uma envolva a conservação da outra.
III - A estrutura presente de uma organização (sistema) é sempre o resultado de uma história na qual suas mudanças estruturais foram congruentes com as mudanças estruturais do meio.
a) I
b) II
c) III
d) I e II
e) II e III
f) I, II e III
g) Nenhuma das alternativas anteriores.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

FALTAM 27 DIAS PARA O GFAL

Leia os artigos deste blog de baixo para cima, na ordem inversa de publicação. Comece pelo artigo ANÁLISE DO CONTEÚDO DOS PRINCÍPIOS DO GLOBAL COMPACT PARA A EDUCAÇÃO EXECUTIVA DE ALTO NÍVEL.

As questões de hoje são as seguintes:

11 – O que chamamos de sustentabilidade da empresa (ou da sua rede de relações) ocorre somente enquanto a empresa se desenvolve. Sim ou não? Se você disse sim, marque a(s) alternativa(s) que lhe parece(m) mais correta(s):
I – A idéia de desenvolvimento está intimamente ligada à idéia de movimento (de formação, crescimento e mudança – que são movimentos) em direção à sustentabilidade.
II – Pode haver movimento sem haver desenvolvimento. Por exemplo, o simples crescimento de tamanho (no caso de uma empresa: de faturamento, de número de funcionários, de número de filiais) é um movimento, mas não é, por si só e necessariamente, desenvolvimento. Por isso desenvolvimento é algo mais do que crescimento.
III – No caso de sistemas formados por seres humanos, desenvolvimento só é desenvolvimento mesmo se for humano, social e sustentável. Essa é uma nova concepção de desenvolvimento, que vale para qualquer coletividade humana estável, seja uma sociedade, seja uma organização, como uma empresa.
a) I
b) II
c) III
d) I e II
e) II e III
f) I e III
g) I, II e III

12 – Ser sustentável é... (Examine as afirmativas abaixo e escolha as melhores alternativas):
I - Durar para sempre.
II - Continuar “vivo”.
III - Se desenvolver continuamente (segundo um ponto de vista sistêmico).
IV - Poder continuar mantendo a mesma identidade.
V - “Dançar conforme a música”.
VI - “Andar com as próprias pernas”.
VII - Mudar de acordo com a mudança das circunstâncias.
VIII - Conseguir fazer e refazer, continuamente, congruências múltiplas e recíprocas com o meio.
IX - Ser capaz de conservar a adaptação (ao meio) e a organização (interna).
X - Conservar sua adaptação ao meio em que existe, desde que, ao conservar sua adaptação, conserve também sua organização.
XI - Ser capaz de mudar o próprio programa de adaptação.
a) I, III, IV, VII, IX e XI.
b) II, III, V, VI, VIII e X.
c) I, IV, VII, VIII, X e XI.
d) Todas as alternativas são aceitáveis.
e) Nenhuma das alternativas anteriores.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

FALTAM 28 DIAS PARA O GFAL

Leia os artigos deste blog de baixo para cima, na ordem inversa de publicação. Comece pelo artigo ANÁLISE DO CONTEÚDO DOS PRINCÍPIOS DO GLOBAL COMPACT PARA A EDUCAÇÃO EXECUTIVA DE ALTO NÍVEL.

As questões de hoje são as seguintes:

09 – Como você definiria responsabilidade corporativa?
I - Capacidade da empresa de criar valor nas suas redes de relações.
II - Gestão preventiva de impactos econômicos, ambientais, sociais e políticos.
III - Sintonia da empresa com o desenvolvimento sustentável por meio do compromisso com uma agenda nacional (através de uma atuação em rede com diferentes atores sociais), com uma agenda local (onde a empresa está) e uma agenda de engajamento dos diversos públicos internos da empresa (por meio do investimento social privado e do voluntariado).
a) I
b) II
c) III
d) As alternativas I, II e III poderiam compor uma boa definição de responsabilidade corporativa (embora alternativa II seja meio defensiva e, além disso, incompleta; melhor seria dizer: gestão proativa dos recursos e dos impactos econômicos, ambientais, sociais e políticos).
e) Nenhuma das alternativas anteriores.


10 – Uma empresa só pode ser sustentável se for capaz de exercitar a sua responsabilidade corporativa. Sim ou não? Por que? Se você disse sim, marque a(s) alternativa(s) que lhe parece(m) mais correta(s):
I - Porque a sustentabilidade de uma empresa tem a ver com as relações entre a sua atuação e o ambiente externo à empresa (o mundo, o país, a localidade onde está situada) e a empresa deve assumir na prática a responsabilidade pelos impactos (econômicos, sociais, ambientais e políticos) que a sua atuação produzirá nesse ambiente externo.
II - Porque a sustentabilidade de uma empresa tem a ver com as relações entre o ambiente interno e o ambiente externo à empresa e a empresa deve conseguir manter uma congruência dinâmica entre esses dois ambientes assumindo e exercendo a responsabilidade por monitorar e modificar continuamente a sua estrutura e a sua dinâmica para manter tal congruência.
III - Porque não é a empresa isoladamente que pode ser sustentável e sim a sua rede de relações, da qual participam seus diversos públicos, internos e externos e, assim, a empresa deve assumir a responsabilidade por tecer e animar essa rede de modo a permitir a emergência de processos sistêmicos de coordenação capazes de conservar a sua adaptação e a sua organização.
a) I
b) II
c) III
d) I e II
e) II e III
f) I e III
g) I, II e III

terça-feira, 20 de maio de 2008

FALTAM 29 DIAS

Faltam 29 dias para o início do Global Forum América Latina (GFAL), que se realizará no CIETEP, em Curitiba, de 18 a 20 de junho de 2008. Postei neste blog vários artigos tratando do tema. O objetivo é contribuir com o debate preparatório do encontro. Para ler os artigos comece de baixo para cima, na ordem inversa de publicação.

Estou fazendo aqui uma contagem regressiva, publicando a cada dia algumas questões sobre as relações entre responsabilidade social e sustentabilidade empresarial e sobre temas conexos. Algumas respostas podem ser buscadas nos textos já publicados neste blog (você deve lê-los de baixo para cima, começando sempre pelo artigo ANÁLISE DO CONTEÚDO DOS PRINCÍPIOS DO GLOBAL COMPACT PARA A EDUCAÇÃO EXECUTIVA DE ALTO NÍVEL e seguindo a ordem inversa de publicação).

As questões de hoje são as seguintes:

06 – A participação empresarial constitui, nas sociedades contemporâneas, um aporte necessário, imprescindível e insubstituível? Por quê?
a) Porque os Estados estão falidos e os recursos necessários para promover o desenvolvimento social estão nas empresas.
b) Porque o mundo empresarial desenvolveu padrões de excelência em gestão e em estratégia para a obtenção de resultados em sistemas complexos (como o são os mercados atuais) que podem se somar àqueles desenvolvidos pela moderna gestão pública.
c) Porque o exercício da responsabilidade corporativa tem caráter supletivo e se justifica pela ausência da ação estatal verificada nos dias de hoje.
d) Nenhuma das alternativas anteriores.

07 – É porque o Estado está se retraindo ou está sendo pouco eficaz, pouco eficiente ou pouco efetivo, que as empresas devem ser chamadas a vir “tapar o buraco”.
a) Sim.
b) Não.
c) Em parte.

08 – Uma empresa jamais poderá (e deverá) substituir o Estado ou compensar a sua falta. Sim ou não? Por quê? Se você disse sim, escolha abaixo a alternativa que lhe parece menos correta:
a) Porque empresas e Estado são tipos diferentes de agenciamento, têm “lógicas” diversas e suas ações são presididas por racionalidades distintas.
b) Porque o conhecimento acumulado por uma empresa, seu processo de aprendizado, sua experiência, sua visão da sociedade e seu modo de intervir não são os mesmos que aqueles característicos do Estado (e dos governos).
c) Porque a empresa é uma organização privada, que não deve ter a obrigação de prover bens e serviços públicos.
d) Nenhuma das alternativas anteriores.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

FALTAM 30 DIAS

Faltam 30 dias para o início do Global Forum América Latina (GFAL), que se realizará no CIETEP, em Curitiba, de 18 a 20 de junho de 2008. Postei neste blog vários artigos tratando do tema. O objetivo é contribuir com o debate preparatório do encontro. Para ler os artigos comece de baixo para cima, na ordem inversa de publicação. Comece lendo o primeiro artigo, intitulado "Análise do conteúdo dos Princípios do Global Compact para a educação executiva de alto nível".

A questão de hoje é a seguinte:

05 – Marque as alternativas que, a seu ver, são desejáveis:
I - A empresa não pode (e não deve) replicar o padrão de relação do Estado com a sociedade, nem, muito menos, recair nos vícios desse tipo relação (como o assistencialismo, o clientelismo e a centralização).
II - O investimento social da empresa não tem a ver, nem apenas nem principalmente, com a aceitação de um apelo ético em virtude do “bom coração” (ou da “consciência culpada”) dos seus donos.
III - O investimento social da empresa não tem a ver, nem apenas, nem principalmente, com a visão instrumental, orientada pelo marketing, de que isso é bom para os negócios (em termos de crescimento dos lucros).
IV - O investimento social da empresa tem a ver com o desenvolvimento da empresa como um todo, com a sua sustentabilidade; ou seja, com as condições estruturais para que a empresa possa ser capaz de conservar a sua adaptação a um mundo em acelerada mutação.
a) I e II
b) I, II e III
c) I, II, III e IV
d) Nenhuma das alternativas anteriores.

domingo, 18 de maio de 2008

FALTAM 31 DIAS

Faltam 31 dias para o início do Global Forum América Latina (GFAL), que se realizará no CIETEP, em Curitiba, de 18 a 20 de junho de 2008. Postei neste blog vários artigos tratando do tema. O objetivo é contribuir com o debate preparatório do encontro. Para ler os artigos comece de baixo para cima, na ordem inversa de publicação.

As questões de hoje são as seguintes:

03 – A adesão crescente do empresariado ao conceito e à prática da responsabilidade social, deve-se à consciência de que não fazer isso pode acabar afetando negativamente os resultados econômicos da empresa.
a) Não.
b) Sim, pelo menos em parte.
c) Talvez.
d) Nenhuma das alternativas anteriores.

04 – O fato de muitos empresários terem aderido à responsabilidade social por razões de marketing é um grande problema? Por quê?
a) Sim, porque está deixando transbordar a lógica do mercado para a sociedade.
b) Não, pode ser um problema, mas não um grande problema e sim uma contingência da natureza da atividade empresarial: porque as razões de marketing constituem, de fato, a racionalidade e a “lógica” de funcionamento do mercado e não há como delas se desvencilhar quando se vem do mercado.
c) Sim, porque ao conceberem e praticarem dessa forma a responsabilidade social, muitas empresas estão perdendo preciosas oportunidades de se desenvolver e de contribuir para o desenvolvimento da sociedade a que pertencem.
d) Sim, porque embora o conceito de responsabilidade social não se aplique somente a organizações empresariais, a participação empresarial constitui, nas sociedades contemporâneas, um aporte necessário, imprescindível e insubstituível.
e) Nenhuma das alternativas anteriores.

sábado, 17 de maio de 2008

FALTAM 32 DIAS

Faltam 32 dias para o início do Global Forum América Latina (GFAL), que se realizará no CIETEP, em Curitiba, de 18 a 20 de junho de 2008. Postei neste blog vários artigos tratando do tema. O objetivo é contribuir com o debate preparatório do encontro. Para ler os artigos comece de baixo para cima, na ordem inversa de publicação.

E a questão de hoje é a seguinte:

02 – Tem crescido muito ultimamente o movimento de responsabilidade social no meio empresarial. Qual o motivo mais freqüente? (Examine as sentenças abaixo e escolha as melhores alternativas:)
I - A aceitação do chamamento ético à responsabilidade. Muitos empresários, por uma questão de postura pessoal, acolheram tal apelo.
II - O surgimento e a expansão de novas formas de convivência e de sociabilidade que estão estimulando o trabalho voluntário, a doação de tempo e recursos para questões sociais e ambientais. Alguns empresários passaram a admirar essas novas práticas, baseadas em valores como cooperação e solidariedade, que começaram a ocorrer, inclusive, dentro de suas empresas ou a serem exercidas por seus empregados em outros ambientes. De certo modo, foram contagiados por elas e passaram, então, a considerar seriamente a possibilidade de se engajar em ações semelhantes, tanto individualmente, quanto coletivamente, destinando uma parte dos recursos auferidos com seus negócios para investimentos em causas sociais.
III - A emergência de uma nova visão das relações entre o mercado e a sociedade – compartilhada hoje por muitos donos de empresas, acionistas e CEOs –, segundo a qual é altamente desejável manter sintonia com as inovações sociais contemporâneas. Uma empresa moderna, sintonizada com a contemporaneidade, não pode sê-lo apenas nos seus negócios, nos seus produtos ou serviços e nos seus processos de produção e de gestão. Deve, além disso, manter uma relação com os seus funcionários e com o ambiente externo sintonizada com a contemporaneidade. Isso, por certo, tem a ver com a imagem da empresa, mas também tem a ver com a sua missão, o seu propósito, a sua razão de ser. Portanto, isso tem a ver com a capacidade da empresa de mobilizar capital humano e capital social, interno e externo.
IV - Os empreendedores empresariais querem ser modernos, querem estar na vanguarda, querem participar das inovações e, sobretudo, não querem ficar fora da nova onda e serem considerados ultrapassados.
V - Muitas empresas resolveram responder ao apelo da responsabilidade social com o chamado marketing social. Assim, passaram a exercer o seu investimento social privado também como um negócio. Viram que era bom para os negócios que a empresa aparecesse como uma empresa responsável socialmente. Ou viram, pelo menos, que o contrário não era muito bom para os negócios: empresas que não estão comprometidas – ou que não aparecem publicamente como comprometidas – com a qualidade de vida do meio social onde se inserem, dos seus stakeholders, sobretudo de seus clientes ou dos destinatários finais de seus produtos ou serviços, começaram a ficar mais vulneráveis a questionamentos dos consumidores e da opinião pública em geral, tal como já acontece, há mais tempo, com empresas não comprometidas com a conservação do meio ambiente natural.
a) I e II
b) II e III
c) III e IV
d) IV e V
e) Nenhuma das alternativas anteriores.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

CONTAGEM REGRESSIVA

FALTAM 33 DIAS para o início do Global Forum América Latina (GFAL), que se realizará no CIETEP, em Curitiba, de 18 a 20 de junho de 2008. Postei neste blog vários artigos tratando do tema. O objetivo é contribuir com o debate preparatório do encontro.

A partir de hoje, a cada dia, vou manter a contagem regressiva, publicando uma ou duas questões diferente sobre as relações entre responsabilidade social e sustentabilidade empresarial e sobre temas conexos. As respostas poderão ser encontradas no curso à distância RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE que será ofertado on line, pela Rede de Participação Política do Empresariado a partir de julho de 2008. Como a idéia é manter a blogosfera http://gfal.bogspot.com/ como um permanente fórum virtual (da qual este blog é um nodo), teremos bastante tempo para refletir sobre os questionamentos apresentados. Além disso, algumas respostas podem ser buscadas nos textos já publicados neste blog (você deve lê-los de baixo para cima, começando sempre pelo artigo ANÁLISE DO CONTEÚDO DOS PRINCÍPIOS DO GLOBAL COMPACT PARA A EDUCAÇÃO EXECUTIVA DE ALTO NÍVEL e seguindo a ordem inversa de publicação).

Bem, para começar então a questão de hoje é a seguinte:

01 – Em geral o conceito de responsabilidade social tem aparecido como um apelo de natureza ética, dirigido ao mundo empresarial. Na sua opinião:
a) Seria uma maneira dos empresários devolverem à sociedade onde vivem, na forma de investimento social privado (em saúde, educação, assistência a crianças, idosos, pessoas em situação de risco e portadoras de necessidades especiais etc.), uma parte dos lucros que conseguiram realizar em seus negócios.
b) Os empresários não têm nenhuma obrigação de devolver nada à sociedade além dos altos impostos que já pagam, dos empregos que geram, dos bens e serviços que produzem e da dinamização da economia que sua atividade desencadeia.
c) A única obrigação dos empresários é remunerar bem o trabalho dos seus colaboradores e o capital dos seus sócios ou acionistas.
d) Seria uma maneira da empresa fortalecer os seus laços com a sociedade e ao mesmo tempo direcioná-los para o desenvolvimento por meio de uma adequada gestão da sua rede de stakeholders, compreendendo seus proprietários e acionistas e dirigentes, seus funcionários, seus fornecedores, outras empresas e organizações coligadas ou parceiras, o público alvo de suas ações de responsabilidade social, seus clientes e consumidores de modo geral e as populações afetadas pela sua atuação.
d) Nenhuma das alternativas anteriores.

GRANDES QUESTÕES PRÁTICAS PARA O GFAL

Na série de artigos postados aqui - como contribuição à discussão do GFAL - tratamos das idéias, do por quê. Não tratamos do como, quer dizer, das práticas e das metodologias.

Dissemos aqui quais são, ao nosso ver, as questões-chave colocadas para as empresas que quiserem se manter na busca da sustentabilidade neste início do século 21. Agora será necessário responder essas questões associadas a cada um dos desafios considerados:

1 – A empresa como agente de desenvolvimento. Como elaborar, articular e executar programas inovadores de desenvolvimento baseados no investimento em capital social? Que programas seriam esses, quais as suas características, como eles poderiam ser desenhados e quais os requisitos para a sua aplicação? Quais seriam as metodologias mais indicadas para induzir o desenvolvimento da localidade onde a empresa está sediada ou do setor em que ela atua?

2 – Rede e democracia na empresa. Como estabelecer um padrão de rede na organização, mobilizando setores, equipes e pessoas em torno de valores compartilhados e objetivos comuns? Como fazer netweaving para articular e animar redes de stakeholders? E como aplicar as novas tecnologias de informação e comunicação para iniciar a transição de uma organização-mainframe para uma organização-network? E ainda: como implementar uma dinâmica democrática dentro da organização e nas suas relações externas?

3 – A empresa com uma causa. Como rever as definições estratégicas básicas da empresa à luz das novas exigências de sustentabilidade, reformulando com clareza os seus valores centrais e o seu objetivo? Como definir a causa da empresa? E como promover o voluntariado dentro e fora da empresa em torno da sua causa?

4 – Da responsabilidade social para a responsabilidade política. Como formular uma agenda de responsabilidade social e uma agenda de responsabilidade política que contemplem as questões-chave colocadas pelos desafios acima?

Para apoiar esse esforço seguem algumas indicações de leitura.

Para uma visão básica do processo de sustentabilidade é recomendável ler os seguintes artigos:

1 – MATURANA, Humberto e VARELA, Francisco (1973). De Máquinas e Seres Vivos – autopoiesis: a organização do vivo. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
2 – LOVELOCK, James. Gaia: a new look at life on Earth. Oxford: Oxford University Press, 1979.
3 – MATURANA, Humberto (1985). Desde la Biología a la Psicología. Santiago de Chile: Editorial Universitaria, 1996.
4 – LOVELOCK, James (1991). Gaia: medicine for an ailing planet . London: Gaia Books, 1991 (Existe tradução brasileira: Gaia: cura para um planeta doente. São Paulo: Cultrix, 2006).
5 – CAPRA, Fritjof (1996). A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São Paulo: Cultrix, 1997.
6 – MARGULIS, Lynn (1998). O Planeta Simbiótico: uma nova perspectiva da evolução. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.
7 – LEWONTIN, Richard (1998). A tripla hélice. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
8 – JACOBS, Jane (2000). The nature of economies. New York: Vintage Books, 2000 (Existe tradução brasileira: A natureza das economias. São Paulo: Beca, 2001).
9 – FRANCO, Augusto (2001). Capital Social: leituras de Tocqueville, Jacobs, Putnam, Fukuyama, Maturana, Castells e Levy. Brasília: Instituto de Política, 2001.
10 – GORE, Al (2006). An inconvenient truth - The planetary emergency of global warming and what we can do about it (Existe tradução brasileira: Uma verdade inconveniente - O que devemos saber (e fazer) sobre o aquecimento global. São Paulo: Manole, 2006).
11 – UGARTE, David (2007). O poder das redes. Porto Alegre: CMDC / ediPUCRS, 2008.

Sobre sustentabilidade empresarial é importante ler, pelo menos, os seguintes textos:

1 – FREEMAN, Edward R. (1984). Strategic Management: a stakeholder approach. Boston: Pittman, 1984.
2 – COLLINS, James e PORRAS, Jerry (1995), Built to last: successful habits of visionary companies (Existe tradução brasileira: Feitas para durar: práticas bem-sucedidas de empresas visionárias. Rio de Janeiro: Rocco, 1995)
3 – de GEUS, Arie (1997), The living company (Existe tradução brasileira: A empresa viva: como as organizações podem aprender a prosperar e se perpetuar. Rio de Janeiro: Elsevier, 1998).
4 – ELKINGTON, John (1998). Cannibals with Forks: the Triple Bottom Line of 21st Century Business. Filadélfia: New Society, 1998.
5 – LASZLO, Chris (2004). The Sustainable Company. Washington: Island Press, 2003.
6 – SAVITZ, Andrew e WEBER, Karl (2006). The Triple Bottom Line. New York: John Wiley & Sons, 2006. (Existe tradução brasileira: A empresa sustentável: o verdadeiro sucesso é lucro com responsabilidade social e ambiental. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007).

LER DE BAIXO PARA CIMA

Os artigos aqui postados devem ser lidos (de baixo para cima) na seguinte ordem:

ANÁLISE DO CONTEÚDO DOS PRINCÍPIOS DO GLOBAL COMPACT PARA A EDUCAÇÃO EXECUTIVA DE ALTO NÍVEL

AVANÇANDO NO GFAL

SOBRE O CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE

AUTOPOIESE

INTERDEPENDÊNCIA, RECICLAGEM, PARCERIA, FLEXIBILIDADE E DIVERSIDADE

DESENVOLVIMENTO COMO REDE DE CO-DESENVOLVIMENTOS INTERDEPENDENTES

Et coetera (siga a ordem inversa da relação que aparece nos Arquivos do Blog, na coluna ao lado).

AS RELAÇÕES ENTRE RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE

Vamos tentar responder, de um novo ponto de vista, a questão sugerida pelo título deste post: por que uma empresa deve exercer de uma nova maneira a sua responsabilidade social se quiser trilhar o caminho da busca da sustentabilidade.

Já vimos em artigos anteriores que uma empresa não pode conquistar sua sustentabilidade apenas por razões empresariais, econômicas, de mercado e, portanto, deve atuar em outros setores, regidos por outras lógicas ou por outras racionalidades. Em outras palavras, a dinâmica competitiva (própria do chamado segundo setor) é necessária, mas não é suficiente quando o assunto é sustentabilidade (exigindo que se incorpore também, no processo de conquista da sustentabilidade, outras dinâmicas, cooperativas e normativas). Mas por quê?

A explicação sugerida pela matriz de sustentabilidade apresentada no post anterior é bem simples. Nenhuma empresa consegue, ao mesmo tempo, produzir todos os capitais de que precisa e se manter economicamente viável no curto e no longo prazos.

Parte considerável do capital natural, do capital humano e do capital social que a empresa utiliza em seus processos produtivos ou econômicos já deve estar no ambiente em que a empresa existe. No tocante ao capital natural, por exemplo, alguns desses recursos (como o ar atmosférico) ainda não têm custo, mas outros (como a água doce, os recursos minerais e ambientais de um modo geral) já têm. Para o processo econômico ser viável é necessário que esses custos sejam compatíveis com o preço de mercado dos produtos ou serviços da empresa. É mais difícil montar uma empresa de produtos biológicos no deserto de Atacama do que em Santiago do Chile.

No tocante ao capital humano, é quase a mesma coisa. Parte do capital humano que a empresa utiliza não foi formada por ela e sim pelos sistemas público e privado de ensino e pelos esforços de auto-aprendizado dos indivíduos. Tudo isso foi pago com recursos dos cidadãos (via receita fiscal, pelo Estado e pela poupança e salário das famílias). Se uma empresa fosse pagar pela formação de todo capital humano que utiliza, ficaria inviável economicamente.

Além disso, uma empresa precisa ter condições favoráveis para substituir seus colaboradores (que falecem, ficam doentes ou mudam de emprego) sem ter que fazer para isso grandes investimentos. Se na região onde a empresa está sediada o capital humano é muito baixo, os custos de recrutamento e substituição de funcionários aumentarão perigosamente. É mais difícil montar uma empresa de software em Maceió do que em Palo Alto ou Santa Clara, no Vale do Silício, na Califórnia.

Ocorre que a educação não é o único componente do capital humano. Temos também a saúde (e a alimentação e a nutrição). Imaginem se uma empresa fosse responsável por prover ou suprir – com seus próprios recursos – todos esses itens.

No que diz respeito ao capital social, tudo fica ainda mais evidente. Empresas localizadas em sociedades pouco cooperativas têm enormes problemas. Seus custos de transação vão para o espaço. Freqüentemente essas empresas se vêem envolvidas em toda sorte de conflitos com seus colaboradores, fornecedores, clientes e com as populações que vivem nessas localidades. Para mediar esses conflitos, as empresas gastam tempo e outros recursos preciosos que deveriam estar sendo empregados em seus processos de gestão, produção, pesquisa e desenvolvimento (inovação).

O mesmo ocorre com empresas situadas em países onde a segurança jurídica é baixa ou a instabilidade regulatória é muito alta. Empresas nessas condições têm que manter um imenso contencioso de advogados e, não raro, têm que subornar autoridades (parlamentares, governantes, juízes e promotores) para poder se ver livres de processos judiciais ou para poder desembaraçar trâmites burocráticos desnecessários e atender a outras exigências normativas abusivas. Tudo isso, é claro, aumenta a margem de incerteza de investimentos externos que poderiam ser atraídos pelas empresas. Não é por acaso que quem tem 1 milhão de dólares para investir em uma atividade produtiva prefira fazê-lo no Japão, na Islândia, no Canadá ou na Nova Zelândia e não na Bolívia, no Equador, na Nicarágua ou na Venezuela.

Além da insegurança jurídica, também pesa excessivamente no custo da empresa a insegurança pública, por motivos óbvios. Mas segurança pública não depende apenas de uma boa atuação do Estado. Ela depende dos padrões de convivência social e, portanto, reflete diretamente o nível do capital social. Nenhum investidor gostaria de abrir seu novo negócio na Faixa de Gaza; ou mesmo – dependendo do tipo de negócio – em certos bairros do Rio de Janeiro.

Quanto ao capital social, uma empresa sozinha pode fazer menos ainda do que em relação ao capital humano (cujos baixos níveis podem ser parcialmente compensados por programas de capacitação corporativos). Mas ainda que uma empresa pudesse investir maciçamente, com seus próprios recursos, para produzir todo o capital social de que necessita, mesmo assim isso não seria suficiente. Não é bem da natureza da atividade empresarial produzir esse tipo de recurso. O máximo que uma empresa pode fazer é tentar aumentar o seu capital social interno, promovendo métodos de gestão que requeiram iniciativa individual, empreendedorismo coletivo e protagonismo de seus colaboradores. E, fundamentalmente, introduzindo padrões de organização em rede e modos de regulação democráticos dentro da organização.

Ocorre que o capital social flui de um âmbito (público-social) que é maior do que a empresa (privada). Ele é um ambiente sobre o qual a empresa não tem autonomia para interferir sozinha. Uma empresa só poderá fazer isso se estiver aliada a uma parte da sociedade civil – aos cidadãos e suas organizações – da localidade onde está situada.

Portanto, quando se diz que a empresa deve investir no social, isso significa que ela deve investir no capital social da sociedade. Porque a chamada sociedade civil é a única forma de agenciamento capaz de produzir superávits de capital social, ou seja, é o único setor que produz mais capital social do que consome. São esses excedentes de capital social, gerados no ambiente em que a empresa está imersa, que podem ser importados pela empresa a baixo custo, desde que a empresa tenha os canais adequados para tanto. Esses canais são as relações que a empresa conseguiu estabelecer com a sociedade por meio do exercício da sua responsabilidade social. Por eles poderão fluir, tanto o capital humano quanto o capital social de que a empresa precisa, mas que, sozinha, não pode produzir totalmente.

Pode-se ver, sem grande dificuldade, que a explicação faz sentido. Uma empresa que se aliou à comunidade por meio do exercício da sua responsabilidade social será tratada de modo diferente pelo público. Suas múltiplas alianças, estabelecidas com lideranças da sociedade civil, com governos e outras instâncias estatais, a propósito desse trabalho, ao possibilitarem uma interação menos conflitiva e adversarial com as populações, serão capazes de reduzir os famosos custos de transação. E, muito além disso, abrirão novas possibilidades de negócios ou de novos modos de fazer negócios, fortalecendo aquela que será a unidade empresarial do futuro (uma comunidade formada dentro da rede de stakeholders).

É claro que existem maneiras mais eficazes e menos eficazes de fazer isso. Se uma empresa exerce sua responsabilidade empresarial doando cadeiras de rodas para a população, o efeito sistêmico de sua atuação em termos do incremento do capital social será muito pequeno (ou, em alguns casos, poderá até ser negativo: se ela só fizer isso de modo assistencialista, por exemplo). Mas se a empresa investe no ambiente como um todo, lançando mão de programas inovadores de investimento em capital social, como os programas de indução do desenvolvimento local ou setorial, aí os resultados da sua atuação serão bem mais expressivos.

Com todas as suas limitações e imperfeições, a matriz demonstrativa apresentada aqui – baseada na interação de vários capitais econômicos e extra-econômicos, com destaque para o papel sistêmico do capital social – parece ser mais orgânica, do ponto de vista da racionalidade de uma empresa, do que aquelas que procuram juntar a posteriori vários elencos de ações setoriais que não têm muita relação entre si, como se combinando 800 miligramas de operação econômica, com 150 miligramas de preocupação ambiental e 50 miligramas de ação social, pudéssemos desencadear algum tipo de reação química capaz de catalisar um processo sustentável. Infelizmente, fórmulas como essa não poderão produzir 1 grama de sustentabilidade.

UMA NOVA MATRIZ DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

Vamos partir da idéia de que sustentabilidade é o novo nome do desenvolvimento quando esse conceito é tomado de um ponto de vista sistêmico. Desse ponto de vista o (fenômeno de mudança social que interpretamos como) desenvolvimento é resultado da interação de vários fatores.

Na “equação do desenvolvimento”, para dizer assim, comparecem muitas variáveis, para além daquelas tradicionalmente consideradas pelo pensamento econômico ortodoxo (como a renda e a riqueza). Vários capitais, em sentido metafórico, foram então aventados para descrever esses fatores ou variáveis extra-econômicas, considerados como externalidades, como o capital natural, o capital humano e o capital social. Um modelo do desenvolvimento baseado na interação desses vários capitais pode fornecer uma boa matriz explicativa da sustentabilidade empresarial. Vejamos.

Em termos muito simples, pode-se dizer que sustentabilidade é a capacidade de investir no (para repor o) que se consome em termos de desenvolvimento. Considerando que a equação do desenvolvimento tem como fatores ou variáveis diversos tipos de recursos, econômicos e extra-econômicos, trata-se de investir nesses diversos tipos de capitais (stricto e lato sensu); ou seja, no capital financeiro (renda, produto), no capital físico (riqueza, propriedade produtiva), no capital natural (meio ambiente), no capital humano (empreendedorismo individual, educação, saúde etc.) e no capital social (cooperação, empoderamento promovido pelas redes sociais e liberdade ensejada pela democratização das relações). Tratar-se-ia, portanto, de fazer diferentes tipos de “poupanças” nestes cinco fatores. A tabela abaixo ilustra a matriz:



A partir dessa matriz poderíamos concluir que onde o Resultado da diferença Produção + (mais) Aquisição – (menos) Consumo for negativo é necessário: i) aumentar a produção (própria) ou a aquisição; ou ii) reduzir o consumo; ou iii) investir (em outros setores) para aumentar a produção ou para reduzir os custos da aquisição.

Ocorre que nem todos os capitais acima podem ser produzidos pela empresa em quantidade suficiente para suprir seu consumo (é o caso dos capitais extra-econômicos) e que, assim, trata-se de reduzir os custos de aquisição investindo nos setores que podem produzi-los em quantidade maior do que consomem para poder usar os excedentes.

Se uma empresa tiver que investir recursos financeiros próprios para produzir ou adquirir todo o capital natural, o capital humano e o capital social que consome, é óbvio que isso afetará negativamente o seu resultado financeiro. Como conseqüência, ela gerará menos lucros para os seus acionistas e terá mais dificuldades de remunerar melhor seus colaboradores. É por essa razão que uma empresa de inovação tecnológica tem mais chances de sustentabilidade se estiver instalada em Berkeley do que em Caruaru (Berkeley tem mais capital humano do que Caruaru). Ou que uma empresa de seguros terá mais chances de sustentabilidade em Berna do que em Vitória do Espírito Santo (Berna tem mais capital social do que Vitória).

Caberia cuidar para que os resultados na tabela acima fossem positivos, não apenas no tocante às colunas dos capitais econômicos (capital financeiro e capital físico) e sim também no que se refere às outras colunas, daqueles capitais extra-econômicos, que têm a ver com o ambiental (capital natural), com o social e com o político (capital humano e capital social).

Não se trata necessariamente de gerar superávits cada vez maiores de todos os tipos de capitais, mas de encontrar um valor ótimo relativo de cada um deles (ou intervalos de oscilação de cada capital em torno de valores ótimos relativos). Essa “oscilação regulada”, vamos dizer assim, seria o mecanismo próprio da sustentabilidade.

Dessarte, valores mais baixos de capital humano na empresa poderiam ser compensados por valores mais altos de capital social no seu entorno (na localidade onde a empresa está instalada). E valores mais baixos de capital natural no entorno da empresa poderiam ser compensados por valores mais altos de capital humano (como ocorre em Singapura em relação à Ucrânia, à Argentina ou mesmo ao Brasil – Estados-nações cujo capital natural é muito mais alto do que o daquela florescente cidade-Estado do sudeste asiático (conquanto ela mesma seja uma singularidade, na medida em que possui um sistema autocrático); no entanto, Singapura, ao contrário dos outros países citados aqui, está na ponta da inovação mundial).

É óbvio que essa matriz é imperfeita porquanto não revela as relações entre os diversos tipos de capitais que interagem necessariamente entre si e nem os fatores que devem ser considerados na composição de cada tipo de capital. Trata-se apenas de uma matriz demonstrativa, mais de natureza qualitativa do que quantitativa e que foi elaborada para efeitos explicativos, não podendo servir de base para a realização de qualquer espécie de contabilidade da sustentabilidade.

Além disso, a matriz apresentada acima é imperfeita por uma razão mais profunda: ela iguala os diversos tipos de capitais, como se fossem entes de mesma natureza ou com o mesmo status, o que não combina com o que já sabemos sobre o capital social (ou sobre as redes sociais). Os investimentos em capital social têm um efeito sistêmico sobre os demais fatores e, assim, ao fazer a sua “contabilidade” estamos, na verdade, aferindo a capacidade do conjunto de se desenvolver.

A despeito dessas imperfeições, a matriz proposta, mesmo que não revele, permite a percepção de relações que outros modelos explicativos não ensejam, não impedindo, ademais, que se atribua ao capital social o papel sistêmico que ele desempenha. Em outras palavras, com a ajuda de uma matriz como essa podemos começar a explicar as coisas, encarando aqueles por quês que raramente são respondidos.

SOBRE A RESPONSABILIDADE POLÍTICA

No post O DESAFIO DO EXERCÍCIO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL E POLÍTICA afirmamos que até agora nossas empresas tiveram uma atuação política, vamos dizer assim, pouco responsável. Pensaram nos seus próprios interesses imediatos, pensaram no que seria “bom para os negócios” no curto prazo, quer dizer, não pensaram em termos de sustentabilidade.

Até agora o setor empresarial vem atuando na política, de modo disfarçado (ou nunca completamente assumido) por três vias principais: a) financiando candidaturas para garantir a boa-vontade dos representantes eleitos e a sua sintonia com as necessidades setoriais (por exemplo, da indústria, do comércio, da agricultura, dos transportes e dos serviços financeiros); b) articulando bancadas parlamentares que defendam os interesses do empresariado; e c) encomendando (com certa dose de ingenuidade) estudos de alto nível sobre os grandes impasses estratégicos do país e ofertando tais estudos às autoridades.

É verdade que têm surgido, recentemente, algumas ações mais consistentes e mais promissoras. Uma parte, ainda pequena, do empresariado, vem procurando influir na pauta política a partir da mobilização empresarial de forças sociais expressivas, entendendo que tais forças não podem ser arregimentadas somente dentro das fronteiras das organizações corporativas patronais ou empresariais. Outra parte, também bastante minoritária ainda, vem procurando mobilizar a sociedade em torno de uma agenda estratégica que, partindo da defesa da democracia e do desenvolvimento, às vezes consegue chegar ao detalhamento de propostas concretas para a reforma fiscal, para a segurança jurídica, para a segurança pública, para a infra-estrutura, para a educação, para a governança pública e para as reformas política e administrativa.

Mas o empresariado – no Brasil e em outros países – ainda está longe de assumir completamente a sua responsabilidade política. Para tanto seria necessário que aprendesse a articular politicamente os seus interesses e, sobretudo, as causas de suas empresas, sabendo que empresas em uma realidade social complexa não têm como abrir mão da política. E que conseguisse também exercitar, permanentemente (e não apenas em épocas eleitorais), uma legítima ação política empresarial, que vai além, muito além, da defesa de interesses corporativos, por mais justos que sejam (pois se o setor empresarial não assumir protagonismo, falando para os outros dois setores – para o primeiro setor (o Estado) e para o terceiro setor (a Sociedade Civil) – não se transformará em um ator político capaz de tomar iniciativas para construir arranjos mais virtuosos entre os diversos atores desses setores).

Mas, além disso, seria necessário que as empresas promovessem uma verdadeira reinvenção organizacional, para adequar a sua estrutura e o seu funcionamento aos novos desafios da sustentabilidade (o que implica mudar os seus padrões de organização – iniciando a transição da velha empresa-mainframe para a nova empresa-rede que será, sem dúvida, a empresa do futuro – e mudar também os seus modos de regulação de conflitos, democratizando progressivamente suas regras de funcionamento e seus procedimentos internos e externos).

Por último, seria necessário que a empresa promovesse projetos sustentáveis ou programas de sustentabilidade, pois não é apenas pagando impostos, gerando empregos e produzindo riquezas, protegendo o meio ambiente e tentando melhorar a vida das pessoas individualmente, que o setor empresarial poderá cumprir o seu papel promotor do desenvolvimento.

Na verdade, trata-se do seguinte: além de exercer a responsabilidade social de uma nova maneira, a empresa em busca da sua sustentabilidade deve passar da responsabilidade social para a responsabilidade política.

PRECISAMOS DE UM NOVO CONCEITO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL

No post anterior comentamos o quarto e último desafio da sustentabilidade colocado para as empresas atuais: o exercício da responsabilidade social e política.

No entanto a questão da responsabilidade corporativa - chamada freqüentemente de responsabilidade social - ainda vem sendo bastante maltratada. Do ponto de vista das novas exigências da sustentabilidade, precisamos, ao que tudo indica, de um novo conceito de responsabilidade social. De uma nova maneira de realizar o chamado investimento social privado. De uma nova forma de exercer a responsabilidade corporativa.

Para começar, é necessário ver que responsabilidade social não é apenas corporativa. Não é uma coisa para ser feita somente por empresas. Todos os cidadãos e as organizações de todos os setores (empresas, governos, sociedade civil ou terceiro setor), estão chamados a exercer a sua responsabilidade social no mundo contemporâneo.

Em segundo lugar, é necessário ver que responsabilidade social não é apenas influir ou agir na chamada “área social” (não é somente implementar ou financiar programas ou ações de assistência social, de educação, de saúde, de saneamento, de alimentação e nutrição ou, mesmo, de criação de postos de trabalho ou de geração de renda).

Responsabilidade social é responsabilidade com o desenvolvimento de uma sociedade em termos mais globais ou sistêmicos. Chama-se responsabilidade social porque se aplica a sociedades e não porque atue setorialmente naquilo que se convencionou chamar de “área social”. Envolve, assim, todos as dimensões do desenvolvimento: sociais, econômicas, culturais, físico-territoriais e ambientais, político-institucionais e científico-tecnológicas. E é um investimento em todos os fatores do desenvolvimento: sociais, humanos, econômicos e naturais.

Uma nova concepção do desenvolvimento está surgindo nas últimas décadas, baseada na visão sistêmica dos processos sociais e nas múltiplas relações intersetoriais que configuram um padrão complexo de interdependências entre o Estado, o mercado e a sociedade civil. Segundo tal concepção, desenvolvimento agora envolve capacidade de inovação, de fazer parcerias, de criar ambientes favoráveis à sinergia e de aproveitar as inusitadas potencialidades da simbiose. Esses são os novos conceitos-chave da mudança da velha idéia de crescimento para uma nova concepção de desenvolvimento.

Vamos nos concentrar, entretanto, na responsabilidade corporativa, na chamada responsabilidade social das empresas. Por que é necessário que as empresas pratiquem responsabilidade social se já pagam tantos impostos, criam empregos, disponibilizam produtos e serviços e dinamizam a economia gerando crescimento e contribuindo para a prosperidade econômica de uma sociedade?

É preciso fazer alguma coisa, além disso? O quê? Por quê? Como? E o que tudo isso tem a ver com a tão almejada sustentabilidade?

Para responder essas questões é bom ver como vem evoluindo a noção de responsabilidade social no meio empresarial.

A evolução da idéia de responsabilidade social no meio empresarial

É crença corrente que a idéia de responsabilidade social surgiu inicialmente como um apelo de natureza ética, dirigido ao mundo empresarial. Seria uma maneira de os empresários devolverem à sociedade onde vivem, na forma de investimento social privado (em saúde, educação, assistência a crianças, idosos, pessoas em situação de risco e portadoras de necessidades especiais etc.), uma parte dos lucros que conseguiram realizar em seus negócios.

Houve – e ainda há – resistências a essa idéia. Muitos argumentaram que os empresários não têm nenhuma obrigação de devolver nada à sociedade além dos altos impostos que já pagam, dos empregos que geram, dos bens e serviços que produzem e da dinamização da economia que sua atividade desencadeia.

Outros – sem refugar a idéia – salientaram que a principal obrigação dos empresários é remunerar bem o trabalho dos seus colaboradores e o capital dos seus sócios ou acionistas.

Foi preciso mais de uma década de discussões e iniciativas, para que algumas pessoas começassem a descobrir que praticar a responsabilidade social corporativa seria uma boa maneira de a empresa fortalecer os seus laços com a sociedade e ao mesmo tempo direcioná-los para o desenvolvimento por meio de uma adequada gestão da sua rede de stakeholders (termo cunhado por Edward Freeman, em 1984, no artigo “Strategic Management: a stakeholder aproach”, para designar qualquer pessoa que seja afetada, ou possa ser afetada, pelo desempenho de uma organização): seus proprietários, acionistas e dirigentes, seus funcionários, seus fornecedores, outras empresas e organizações coligadas ou parceiras, o público alvo de suas ações de responsabilidade social, seus clientes e consumidores de modo geral e as populações afetadas pela sua atuação.

O fato é que, por uma ou outra razão, o movimento de responsabilidade social tem crescido no meio empresarial.

Em primeiro lugar, talvez, pela aceitação do chamamento ético à responsabilidade. Muitos empresários, por uma questão de postura pessoal, acolheram tal apelo.

Em segundo lugar, em virtude do surgimento e da expansão de novas formas de convivência e de sociabilidade que estão estimulando o trabalho voluntário, a doação de tempo e recursos para questões sociais e ambientais. Alguns empresários passaram a admirar essas novas práticas, baseadas em valores como cooperação e solidariedade, que começaram a ocorrer, inclusive, dentro de suas empresas ou a serem exercidas por seus empregados em outros ambientes. De certo modo, foram contagiados por elas e passaram, então, a considerar seriamente a possibilidade de se engajar em ações semelhantes, tanto individualmente, quanto coletivamente, destinando uma parte dos recursos auferidos com seus negócios para investimentos em causas sociais.

Em terceiro lugar em razão da emergência de uma nova visão das relações entre o mercado e a sociedade – compartilhada hoje por muitos donos de empresas, acionistas e CEOs –, segundo a qual é altamente desejável manter sintonia com as inovações sociais contemporâneas. Uma empresa moderna, sintonizada com a contemporaneidade, não pode sê-lo apenas nos seus negócios, nos seus produtos ou serviços e nos seus processos de produção e de gestão. Deve, além disso, manter uma relação com os seus funcionários e com o ambiente externo sintonizada com as inovações. Isso, por certo, tem a ver com a imagem da empresa, mas também tem a ver com a sua missão, o seu propósito, a sua razão de ser. Portanto, isso tem a ver com a capacidade da empresa de mobilizar capital humano e capital social, interno e externo.

Alguns empreendedores empresariais aderiram à idéia e à prática da responsabilidade social porque querem ser modernos, querem estar na vanguarda, querem participar das inovações e, sobretudo, não querem ficar fora da nova onda e ser considerados ultrapassados.

Ocorre que muitas empresas – talvez a maioria – resolveram responder ao apelo da responsabilidade social com o chamado marketing social. Assim, passaram a exercer o seu investimento social privado também (ou principalmente) como um negócio. Viram que era bom para os negócios que a empresa aparecesse como uma empresa responsável socialmente. Ou viram, pelo menos, que o contrário não era muito bom para os negócios: empresas que não estão comprometidas – ou que não aparecem publicamente como comprometidas – com a qualidade de vida do meio social em que se inserem, dos seus stakeholders, sobretudo de seus clientes ou dos destinatários finais de seus produtos ou serviços, começaram a ficar mais vulneráveis a questionamentos dos consumidores e da opinião pública em geral, tal como já acontece, há mais tempo, com empresas não comprometidas com a conservação do meio ambiente natural.

De qualquer modo, há quem sustente, baseando-se em fortes evidências, que a adesão crescente do empresariado ao conceito e à prática da responsabilidade social, deve-se à consciência de que não fazer isso pode acabar afetando negativamente os resultados econômicos da empresa.

O fato de muitos empresários terem aderido à responsabilidade social por razões de marketing talvez não chegue a ser um grande problema. É claro que se pode dizer que, ao proceder assim, estamos deixando transbordar a lógica do mercado para a sociedade. Ou que, ao conceberem e praticarem dessa forma a responsabilidade social, muitas empresas estão perdendo preciosas oportunidade de se desenvolver e de contribuir para o desenvolvimento da sociedade a que pertencem. Mas deve-se compreender que as razões de marketing constituem a racionalidade e a “lógica” de funcionamento do mercado e não há como delas se desvencilhar quando se vem do mercado. Em outras palavras, não é de estranhar que, pelo menos inicialmente, os empresários tenham enviado o assunto para os departamentos de marketing de suas empresas. Todo o problema aqui está em saber se, conduzido como propaganda, o exercício da responsabilidade corporativa pode cumprir aquele papel imprescindível e insubstituível que cabe à participação empresarial, para o desenvolvimento da sociedade e das próprias empresas.

Sobre isso ainda há muita discussão inconclusa. Alguns acham que a participação empresarial constitui, nas sociedades contemporâneas, um aporte necessário, imprescindível e insubstituível, porque os Estados estão falidos e os recursos necessários para promover o desenvolvimento social estão nas empresas. O exercício da responsabilidade corporativa teria, assim, um caráter supletivo e se justificaria pela ausência da ação estatal verificada nos dias de hoje. Existem empresas, por exemplo, que se dedicaram a asfaltar ruas e a fazer obras de saneamento básico. Todavia, a maior parte dos atores empresariais, felizmente, já compreendeu que, se o seu aporte às ações que são próprias de governos está sendo considerado como necessário, isso se deve ao fato de que o mundo empresarial desenvolveu padrões de excelência em gestão e em estratégia para a obtenção de resultados em sistemas complexos (como são os mercados atuais) que podem se somar àqueles desenvolvidos pela moderna gestão pública.

Boa parte do empresariado já compreendeu que não é porque o Estado esteja, supostamente, se retraindo ou sendo pouco eficaz, pouco eficiente ou pouco efetivo, que as empresas devem ser chamadas a vir “tapar o buraco”. E uma parcela crescente já sabe que uma empresa jamais poderá (e deverá) substituir o Estado ou compensar a sua falta. Não porque a empresa, pelo fato de ser uma organização privada, não possa prover bens e serviços públicos (o que seria tão óbvio quanto errado) e sim a partir da compreensão de que empresas e Estado são tipos diferentes de agenciamento, têm “lógicas” diversas e suas ações são presididas por racionalidades distintas. Já se viu que o conhecimento acumulado por uma empresa, seu processo de aprendizado, sua experiência, sua visão da sociedade e seu modo de intervir, não são os mesmos do Estado (e dos governos). Essa talvez seja a principal razão pela qual, salvo raras exceções, bons empresários não costumam se transformar em bons administradores públicos.

Mesmo assim, algumas empresas ainda ficam tentadas a replicar o padrão de relação do Estado com a sociedade, caindo nos vícios desse tipo de relação (como o assistencialismo, o clientelismo e a centralização, por exemplo). Hoje já é bem mais raro, mas ainda se pode encontrar empresas doando cadeiras de rodas, distribuindo sopa para os pobres (às vezes até industrializadas, enlatadas) ou cestas de Natal nas periferias das cidades.

Se bem que a maioria dos empresários já não encare mais o investimento social da empresa como a simples aceitação de um apelo ético (em virtude do “bom coração” ou da “consciência culpada” de seus donos) e que uma parte significativa do setor empresarial já saiba que esse investimento tem razões que vão além da visão instrumental, orientada pelo marketing, de que isso “é bom para os negócios”, ainda são muito poucos os que compreendem que o investimento social da empresa tem a ver com o desenvolvimento da empresa como um todo, com a sua sustentabilidade; ou seja, com as condições estruturais para que a empresa possa ser capaz de conservar a sua adaptação a um mundo em acelerada mutação.

A responsabilidade corporativa ainda é definida de modo instrumental: seja pelos que a compreendem como capacidade da empresa de criar valor nas suas redes de relações; seja pelos que a encaram como gestão preventiva de impactos econômicos, ambientais, sociais e políticos (uma visão meio defensiva e, além disso, incompleta; melhor seria dizer: gestão proativa dos recursos e dos impactos econômicos, ambientais, sociais e políticos); seja, por último, pelos que a defendem como uma expressão da sintonia da empresa com o desenvolvimento sustentável por meio do compromisso com uma agenda nacional, com uma agenda local (realizando investimentos sociais privados em prol do desenvolvimento na localidade onde a empresa está sediada ou de alguma outra localidade ou setor adotados por ela) e com uma agenda de engajamento dos diversos públicos internos da empresa (por meio do estímulo às doações individuais de recursos dos seus colaboradores e da promoção do voluntariado corporativo).

Independentemente dessas diversas conceituações de responsabilidade social, tudo ainda é feito para que a empresa continue existindo com a mesma cabeça e com o mesmo corpo (e, sobretudo, com as mesmas relações entre sua cabeça e seu corpo). A responsabilidade social é mais um instrumento para que ela – a empresa - não perca terreno em relação aos seus concorrentes, sem ter que mexer muito nos seus padrões de organização e funcionamento. Se não fosse assim, os encarregados do assunto dentro das empresas deveriam participar do seu núcleo estratégico decisório (o que é raro: quando não está no marketing – o que já é um avanço – esse pessoal é alocado em algum departamento lateral, como mais um braço da empresa).

Tudo isso revela – na prática, para além dos discursos construídos, decorados e proferidos “para inglês ver” – uma incompreensão do fato de que uma empresa só pode ser sustentável se for capaz de exercitar sua responsabilidade corporativa. Ora, já existem pelo menos três razões para sustentarmos isso. A primeira razão é que a sustentabilidade de uma empresa tem a ver com as relações entre a sua atuação e o ambiente externo à empresa (o mundo, o país, a localidade onde está situada) e, assim, a empresa deve assumir na prática a responsabilidade pelos impactos (econômicos, sociais, ambientais e políticos) que a sua atuação produzirá nesse ambiente externo. A segunda razão, mais forte, é que a sustentabilidade de uma empresa tem a ver com as relações entre o ambiente interno e o ambiente externo à empresa (e ela deve conseguir manter uma congruência dinâmica entre esses dois ambientes, assumindo e exercendo a responsabilidade por monitorar essa relação e modificar continuamente a sua estrutura e a sua dinâmica para manter tal congruência). Por último, a terceira razão, mais forte ainda, é que não é a empresa isoladamente que pode ser sustentável e sim a sua rede de relações, da qual participam seus diversos públicos, internos e externos e, assim, a empresa deve assumir a responsabilidade por tecer e animar essa rede de modo a permitir a emergência de processos sistêmicos de coordenação capazes de ensejar a conservação da sua adaptação e da sua organização.

Em suma, a compreensão que falta, para que avancemos para um conceito contemporâneo de responsabilidade social sintonizado com as novas exigências da sustentabilidade, é a de que o que chamamos de sustentabilidade da empresa (ou da sua rede de relações) ocorre somente enquanto a empresa se desenvolve.

Isso exige uma nova compreensão do desenvolvimento. Embora o conceito de desenvolvimento evoque a idéia de movimento (de formação, crescimento e mudança – que são movimentos) em direção à sustentabilidade, não se compreendeu ainda que pode haver movimento sem haver desenvolvimento. Por exemplo, o simples crescimento de tamanho (no caso de uma empresa: de faturamento, de número de funcionários, de número de filiais) é um movimento, mas não é, por si só e necessariamente, desenvolvimento. Uma empresa pode crescer, crescer, crescer e... desaparecer (como naquela anedota do doente que “morreu, mas morreu bem melhor”). Por isso que desenvolvimento é algo mais do que crescimento. E no caso de sistemas formados por seres humanos, desenvolvimento só é desenvolvimento mesmo se for humano, social e sustentável. Essa é uma nova concepção de desenvolvimento, que vale para qualquer coletividade humana estável, seja uma sociedade, seja uma organização (como uma empresa).

E ela pode contribuir para colocar no lugar a noção, ainda tão maltratada nos meios empresariais, de responsabilidade social.